Longevidade e envelhecimento saudável são temas de grande interesse. Eles dependem de uma interação complexa entre DNA nuclear e mitocondrial, o meio ambiente e a microbiota, isto é, a população de bactérias que vivem nas diferentes partes do nosso corpo com seu conjunto de genes. Entender esse equilíbrio complexo entre o genoma e o ambiente é um dos maiores desafios. Qual é a influência de variantes genômicas e epigenômicas, do sistema imune sobre o envelhecimento? Quanto nosso microbioma interfere ou contribuí com nossa saúde e doenças? Poderia o nosso microbioma ajudar a explicar a missing herdability em doenças complexas? Esse projeto tem como objetivo pesquisar essas questões através de diferentes estratégias e expertises.
Dados sobre a manutenção da capacidade cognitiva e a estrutura do cérebro funcional serão obtidos através de ressonância magnética (MRI). Medidas sócio-demográficas em vários níveis irão contribuir para estabelecer o panorama das contribuições ambientais e sua influência na saúde e longevidade. Entre o conjunto de técnicas que planejamos utilizar, modelos funcionais, principalmente a nível celular serão essenciais para ajudar-nos a entender os mecanismos específicos responsáveis pelo processo de envelhecimento normal e patológico.
Na expectativa de aumentar nossa compreensão em relação a essas questões, estamos investigando três grandes grupos de indivíduos: a) indivíduos saudáveis de São Paulo, com mais de 60 anos, (coorte SABE) que foram acompanhados por muitos anos e farão parte da maioria dos sub-projetos a serem desenvolvidos; b) uma coleção de dados de pessoas que faleceram de causas naturais com mais de 50 anos, obtida do Banco de Cérebros; c) uma amostra de indivíduos com doenças genéticas associadas a uma rápida degeneração ou doenças complexas que poderiam ser causadas parcialmente pelo microbioma humano.
Indivíduos averiguados no estudo populacional de São Paulo são altamente miscigenados e podem ser etnicamente diferentes das populações de outras regiões do Brasil. Portanto, para validar nossos achados moleculares em outras populações brasileiras, planejamos também incluir populações de diferentes regiões e ancestralidade e ambientes. Uma população de quilombolas, primordialmente afrodescendente e uma coorte da Paraíba com alta consanguinidade. Além disso, duas populações de Vitória, Espírito Santo, serão averiguadas: a primeira com alta proporção de nonagenários; a segunda com alta frequência de pessoas com sobrepeso; ambas são resultantes de miscigenação europeia (Itália, Pomerania, Áustria e Portugal) e Afro-Ameríndia. Também serão estudados pacientes e modelos animais com doenças de envelhecimento precoce ou doenças neuromusculares e neurodegenerativas.
Nosso objetivo principal é contribuir para a elucidação de fatores responsáveis pela grande variabilidade associada ao envelhecimento, estudando também doenças genéticas no intuito de aumentar a nossa compreensão acerca da longevidade saudável. Para conseguir esse objetivo, a constituição dessa rede com a participação de pesquisadores de diferentes Estados é fundamental. Ela permite reunir uma amostra expressiva de indivíduos de diferentes etnias, que não existe para a população brasileira, e que é essencial para os estudos populacionais propostos nesse projeto. É importante salientar que o grupo de S. Paulo já mantém uma estreita colaboração com os pesquisadores dos outros Estados e que já resultaram em várias publicações conjuntas.
Os subprojetos de pesquisa que irão focar na população brasileira idosa saudável e em doenças genéticas relacionadas com envelhecimento ou neurodegeneração estão divididas em três áreas principais: genômica, metagenômica e análise funcional.
O projeto educacional, disseminando a ciência, tem o propósito de estimular a curiosidade a motivar o público para tópicos relacionados com a genética por meio de exposições científicas (Célula Gigante, Luz e Vida e Ciência e Arte – essa última virtual) e de material para as redes sociais no Instagram (www.instagram.com/genoma.usp/), Facebook (www.facebook.com/genomaUSP) e YouTube (www.youtube.com/user/ceghusp ). Também desenvolve ações com foco em professores e estudantes de ensino médio de escola públicas, capacitando professores para utilização de novas metodologias de ensino e de materiais instrucionais, não como um fim em si mesmo, mas como um meio para que o aluno desenvolva habilidades que lhes permitam produzir e usufruir os bens culturais, sociais e econômicos da sociedade.